Constelações Atuais



Da Terra  ao Céu .......................
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................................   e ao Infinito ...................


Dois Dedos Iniciais de Prosa


Em primeiríssimo lugar, eu gostaria de dizer que sou apaixonada pelo céu estrelado, literalmente falando - apaixonada - pelo céu - estrelado.  E foi por essa razão que vim morar e trabalhar num pedaço de chão um tantinho mais distanciado das luzes poluentes das grandes cidades e mesmo da pequena e provinciana cidade onde meu Sítio das Estrelas é situado.  Rendo meu total respeito a Tycho Brahe, por exemplo, que soube olhar para o céu estrelado e descrevê-lo como ninguém - a julgar pelo fato de que em sua época instrumentos ópticos ou não existiam ou eram raridades rudimentares (a nosso ver), ainda engatinhando seus primeiros passos.

Eu realmente lamento o fato de que a grande maioria dos Caminhantes dos Céus, dos Amigos das Estrelas, não mora em lugares distantes da poluição luminosa da Terra sendo levada até os céus, escondendo as estrelas de tal forma que pensam todos que existem apenas estrelas de primeira ou, no máximo, de segunda grandezas para serem olhadas!.... e, com sorte, Planetas como Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, que sorte (pelo menos os Planetas estão salvos!).

E, em continuidade ao meu pensamento, eu lamento o fato de que a grande maioria dos Caminhantes dos Céus não possa usufruir do embevecimento que a visão a olho nú sempre o céu estrelado nos traz: não existe tédio algum, jamais, sempre algo no Cenário Celeste muda, sempre a Lua, doce e mutável Lua, vai avançando de oeste para leste sempre inchando... e meio que aparentemente saindo do leste em direção ao oeste quando vai sempre desinchando...  Sempre podemos ver uma estrela cadente caindo ali atrás do morro...  Sempre podemos nos surpreender em encontrar alguma constelação que ainda não havíamos divisado...  Sempre nos maravilhamos diante da visão do Presépio - berço de estrelas-crianças, da Cabeça da Serpente tomando conta da Coroa Boreal, das duas Nuvens de Magalhães, da Cabeleira de Berenice, da Hidra enredilhando-se através várias constelações, do Rio Erídano com sua cabeceira aos pés do Gigante Órion e com sua foz bem ao sul, das estrelinhas tímidas e ziguezagueantes do Aquário, da Flecha e do Dolfim, da delicadeza das cordas da Lira, do mito de Andromeda sendo salva por seu Herói Perseus montado no cavalo alado Pegasus e ainda nos deixando perceber, com visão enviesada, a Galáxia nossa irmã com nome de Princesa, do tercinho encantador formado pelas Pleiades, do saco de carvão aos pés da Cruz, do revirão da Via Láctea acontecendo na cauda do Escorpião que ainda nos faz surpreender com a visão encantadora da Coroa Austral, com o Caminho de Algodão Leitoso espraiado pelos céus através estrelas e constelações, nossa Galáxia amada...., Sempre podemos exalar um suspiro de felicidade ao visualizarmos uma estrela piscando no oeste, ao cair da noite... quem será, ali, naquele lugar e naquela hora?.... Mercúrio!  Não é estrela porém pisca como uma estrela... você já notou isso?...É preciso olhar literalmente para o céu estrelado e com a visão desarmada, olho nu, noite após noite, para percebermos estes pequenos tesouros.

E ainda em continuidade ao meu pensamento exposto nos dois parágrafos imediatamente acima, eu lamento que o Caminhante do Céu não literalmente caminhe no céu... e sim somente  caminhe através as fotografias maravilhosamente maravilhosas que nos são apresentadas pelas revistas e pelos sites virtuais ou caminhe através os instrumentos ópticos disponíveis no mercado ou caminhe através os conhecimentos oferecidos pelos alfarrábios, talvez sendo bem-sucedido em preencher o vazio instaurado pelo seu não-olhar as estrelas do céu a olho nú, despido de qualquer outra questão e trajando apenas sua paixão pelo céu estrelado.

De qualquer forma, todos os Caminhantes do Céu são sempre privilegiados por serem apaixonadas pelas estrelas - seja pela maneira que for que vivenciem esta paixão.  O Céu sempre nos traz um sentimento de infinitude da vida... mesmo que saibamos que mesmo a vida no Céu está sempre em constante mutação, em constante movimentação, em constante transmutação.

................  É por esta e por outras tantas razões, que venho nomeando este meu Trabalho de DA TERRA AO CÉU E AO INFINITO. 

Este meu Trabalho pressupõe trazer ao conhecimento do Caminhante do Céu, do Amigo das Estrelas, as 88 Constelações acolhendo seus dados, seus mitos, suas histórias, suas estrelas, suas nebulosas, seus aglomerados globulares e abertos, seus aglomerados de galáxias, seus superaglomerados...., suas muralhas de luz e de sombra...., enfim, tudo aquilo que astronomicamente pode caber em nossos alfarrábios - ou pelo menos, tudo aquilo que eu, Janine, simples amante dos céus estrelados, conseguir amealhar a partir de minha compreensão ainda e sempre simplesmente amadora e respeitosamente braheana.

Com um abraço estrelado,
Janine Milward



Uma Breve Visão da Formação das 88 Constelações Atuais


Ptolomeu, século 11 d.c., matemático e astrônomo.  Obra: Almagesto, catálogo que relaciona 1022 estrelas de 48 constelações: 12 zodiacais, 21 ao norte e 15 ao sul.

Andromeda, Aquário, Águia, Altar, Navio Argo, Carneiro, Cocheiro, Boieiro, Caranguejo, Cão Maior, Cão Menor, Capricórnio, Cassiopéia, Centauro, Cefeu, Baleia, Coroa Austral, Coroa Boreal, Corvo, Taça, Cisne, Delfim, Dragão, Cavalo Menor, Erídano, Gêmeos, Hercules, Hidra Fêmea, Leão, Lebre, Balança, Lobo, Lira, Ofiúco, Orion, Pegaso, Perseu, Peixes, Peixe Astral, Flecha, Sagitário, Escorpião, Serpente, Touro, Triângulo, Ujrsa Maior, Ursa Menor, Virgem


Bayer, 1603, astrônomo. Obra: Uranometria.  Relaciona 60 constelações, incluindo as circumpolares Sul, cuja nomenclatura conclui e unifica.  
Acrescenta 12 constelações.
Ave-do-Paraíso, Camaleão, Dourado, Grou, Hidra Macho, Índio, Mosca, Pavão, Fênix, Triângulo Austral, Tucano, Peixe-Voador


Hevelius, 1690, astrônomo amador, selenógrafo.  Obra: Sete Cartas Celestes. 
Dá nome a 9 constelações:
Girafa, Cães de Caça, Lagarto, Leão Menor, Lince, Unicórnio, Escudo, Sextante, Raposa


Royer, 1697, navegante francês.  Obra: Carta Celeste.  Desmembra a Cruz Australis da constelação do Centauro. Cruzeiro do Sul


Bartschius, 1624. Pomba

La Caille, 1752, astrônomo.  Obras: Memórias e Céu Estrelado. 
Introduz 14 novas constelações:
 Máquina Pneumática, Buril, Compasso, Forno, Relógio, Mesa, Microscópio, Esquadro, Oitante, Pintor, Bússula, Retículo, Escultor, Telescópio
E divide a extensa constelação ptolomaica Argo, o Navio, em Carina, Puppis e Vela.
Quilha, Popa, Vela





Algumas Constelações

que não fazem parte das 88 Constelações atualmente aceitas


Frederici Honores, Honras de Frederico
Uma constelação obsoleta formada por Bode em 1787, em honra a Frederick II, da Prússia, através as estrelas pertencentes a Cepheus, Andromeda, Cassiopeia e Cisne.



Nubecula Minor, a Nuvem Pequena, 
a Pequena Nuvem de Magalhães

História:
Provavelmente adicionada por Bayer, 1604.

Uma das galáxias mais próximas ao nosso próprio sistema da Via Láctea, considerada como galáxia-satélite, assim como M32 o é em relação à Grande Nebulosa de Andromeda, M31.  Encontra-se a cerca de 220.000 anos-luz da nossa galáxia. 

Observação a olho nú ou através binóculos e/ou telescópios:
É visível a olho nú em lugares de céus escuros e transparentes não muito distante da Grande Nuvem de Magalhães, como se fossem dois pedaços da Via Láctea.  Com um bom par de binóculos, podemos observar aglomerados como NGC 346 (globular) e NGC 371 (aberto).
Na roça, as pessoas chamam as duas Nuvens de mulas do presépio de Jesus.

As Nuvens de Magalhães
Existem duas pequenas nuvens esfumaçadas que pareciam ser fragmentos da Via Láctea e que formam um quase triangulo com o pólo sul celestial.  Estas nuvens foram primeiramente descritas pelo navegante português Fernando de Magalhães, no começo do século dezesseis.  Porém, somente nos anos de 1920, os astrônomos determinaram que as Nuvens de Magalhães são galáxias, irregulares, pequena e próximas.

As Nuvens de Magalhães são ligadas entre si e à nossa Galáxia não somente pela força de gravidade mas também pela ponte gigantesca de hidrogênio neutro e frio.  O brilho azulado das Nuvens de Magalhães revelam a presença de um imenso número de estrelas jovens, quentes e gigantes muito luminosas.

Se pudéssemos olhar para nossa Galáxia de um ponto externo à mesma, veríamos três pequenos e próximos satélites (galáxias-satélites), as Nuvens de Magalhães.  Um sistema similar acontece com a Galáxia de assiopéi, onde podemos observar várias pequenas galáxias satélites.

A Pequena Nuvem de Magalhães

Esta é uma galáxia irregular e próxima e que, juntamente com a Grande Nuvem de Magalhães, órbita nossa Galáxia como se ambas fossem nossos satélites. 
A maior parte da massa da Pequena Nuvem de Magalhães consiste  de nuvens interestelares de hidrogênio, o material básico de formação das estrelas - que nesta galáxia acontecem em larga escala.  Prova disso é o grande numero de estrelas jovens e quentes - gigantes azuis - que trazem à Nuvem esta sua coloração azulada.
Em 1984, radio-astronomos australianos descobriram que a Pequena Nuvem de Magalhães consiste, na verdade, de duas    galáxias separadas, uma atrás da outra, uma sendo ocultada de forma que vemos apenas um único objeto no céu. Estas duas galáxias estão se separando uma da outra e foi exatamente a diferença de velocidade entre ambas que revelou o fato de a Pequena Nuvem ser, na verdade, duas galáxias separadas.




Triangulum Minor, o Triângulo Menor

História:
Constelação formada por Hevelius, em 1690.




Musca Borealis, a Mosca do Norte

História:
Constelação adicionada por Bartschius, 1624.



Psalterium Georgianum, a Harpa de George

História:
Formada pelo Abade Hell em 1781 em honra a George II da Inglaterra - porém obsoleta nos dias de hoje.



Custos Messium, o Guardião da Colheita

História:
Constelação formada por La Lande em 1775 sob o nome de Le Messieur, O Senhor, mas não é mais reconhecida.



Tarandus, a Rena

História:
Constelação formada por Monnier, em 1776.



Sceptrum Brandenburgicum, o Cetro

História:
Constelação adicionada por Gottfried Kirch, 1688.





Nubecula Major,
 a Grande Nuvem

História:
Provavelmente adicionada por Bayer, 1604.


Juntamente com a Pequena Nuvem de Magalhães, ela forma o par de galáxias mais próximas à Via Láctea. Estima-se sua distância em 180.000 anos-luz.  Os seus inúmeros aglomerados constituem um notável espetáculo para um simples telescópio.  Entre esses objetos, destacam-se a Nebulosa de Tarântula (30 Doradus), a NGC 1850, a NGC 1854, etc.

As Nuvens de Magalhães
Existem duas pequenas nuvens esfumaçadas que pareciam ser fragmentos da Via Láctea e que formam um quase triangulo com o pólo sul celestial.  Estas nuvens foram primeiramente descritas pelo navegante português Fernando de Magalhães, no começo do século dezesseis.  Porém, somente nos anos de 1920, os astrônomos determinaram que as Nuvens de Magalhães são galáxias, irregulares, pequena e próximas.

As Nuvens de Magalhães são ligadas entre si e à nossa Galáxia não somente pela força de gravidade mas também pela ponte gigantesca de hidrogênio neutro e frio.  O brilho azulado das Nuvens de Magalhães revelam a presença de um imenso número de estrelas jovens, quentes e gigantes muito luminosas.

Se pudéssemos olhar para nossa Galáxia de um ponto externo à mesma, veríamos três pequenos e próximos satélites (galáxias-satélites), as Nuvens de Magalhães.  Um sistema similar acontece com a Galáxia de ndrômeda, onde podemos observar várias pequenas galáxias satélites.

A Grande Nuvem de Magalhães
Inicialmente, a Grande Nuvem de Magalhães foi classificada como uma galáxia irregular.  No entanto, mais tarde foram descobertos sinais de estrutura espiralada e alguma relação com espirais barrados.  A barra é a parte mais interessante da galáxia e se parece com uma nuvem estelar brilhante e alongada e ao longo dessa barra, existem numerosas nebulosas avermelhadas por hidrogênio ionizado, e estimuladas pela radiação de estrelas quentes e jovens.  Nestas regiões são formadas novas estrelas.




Telescopium Herschell, o Telescópio de Herschell

História:
Constelação formada pelo Abade Hell em 1781, em honra a Sir William Herschell (o descobridor de Urano).



Officina Typographica
Constelação formada por Bode em 1800, porém obsoleta nos dias de hoje.



Robur Carolinum, o Carvalho de Charles

História:
Constelação formada por Halley, 1679, em comemoração ao carvalho
onde Charles II escondeu-se.



Mons Maenalus, o Monte Maenalus
 10 Norte a 18 Norte
Constelação formada por Hevelius, 1690.



Quadrans Muralis, o Quadrante

História:
Constelação formada por La Lande em 1795 porém obsoleta nos dias de hoje.



Noctua, a Coruja
Uma constelação obsoleta que ocupava a parte final da cauda da Hydra.




Cerberus, o Cão Cérbero

História:
Esta constelação não é mais reconhecida nos dias de hoje e teria sido provavelmente adicionada por Hevelius in 1690. 

Mito:
Representa o monstro de três cabeças que guardava o portão do Hades, os mundos ínferos.  Este monstro foi trazido para a terra por Hercules - e inclusive figura sendo segurado por Hercules, em cuja constelação agora está fusionado.



Taurus Poniatovii, o Touro de Poniatowski

História:
Constelação formada pelo Abade Poczobut, em  honra ao Rei da Polônia.



Antinous

História:
Hoje em dia esta constelação faz parte de Aquila, a Águia.

Mito:
Antinous era uma jovem de extraordinária beleza e era a favorita do Imperador Hadrian. Dizem que a jovem afogou-se no Rio Nilo, na crença que essa ação estaria prolongando a vida do Imperador - que, em sua honra, colocou-a no céu no ano de 132 d.c.  Antinous também foi associado a Ganimedes, que foi levado por uma águia e encarregado de servir uma taça a Júpiter.



Globus Aerostaticus, o Balão
Constelação formada por La Lande em 1798, porém obsoleta, nos dias de hoje.



Machina Electrica
Uma constelação obsoleta, formada por Bode em 1800.



VIA LACTEA

A Via Láctea foi causada por um derramamento do leite que Mercúrio era nutrido.  De acordo com outros mitos, Saturno, querendo devorar seus filhos, recebeu uma pedra de sua mulher e teria engasgado, caso ela não tivesse derramado leite através sua garganta... e parte desse leite derramou, formando a Via Láctea.

Os persas achavam que um grande rio corria nos céus, e que nas margens da Via Láctea pastavam rebanhos de gazelas de patas finas, camelos, cavalos e avestruzes.  Perto das tendas, estendiam-se oásis com tamareiras e, no centro do paraíso de Alah, encontrava-se um tesouro de pedras preciosas: a caixa de jóias, perto do Cruzeiro do Sul.




Os desenhos formados pelas estrelas – As Constelações - são como janelas que se abrem para a infinitude do universo e que possibilitam nossa mente a ir percebendo que existe mais, bem mais, entre o céu e a terra bem como percebendo que o caos, vagarosamente, vai se tornando Cosmos e sendo por nossa mente conscientizado. 
 Quer dizer, nossa mente é tão infinita quanto infinito é o Cosmos.


COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COMPILAÇÃO E TRADUÇÃO literal (quando necessária) de Janine Milward:

-  Wil Tirion - Atlas of the Night Sky - The Hamlyn Publishing Group Limited, London, England

-  Antonin Rükl - The Hamlyn Encyclopedia of Stars & Planets - The Hamlyn Publishng Group Limited, London, England

-  V. E. Robson  - Stars and Constellations and Their Mythology – Samuel Weiser Inc., York Beach, Maine, USA


- Richard Hinckley Allen, Star Names, Their Lore and Meaning, Dover Publications, Inc, New York, USA

-  Bernard Pellequer - Pequeno Guia do Céu - Editora Martins Fontes, São Paulo, Brasil

-  Identificação do Céu (Livro que foi sendo revisado e reeditado algumas vezes) de autoria de Fernando Vieira,
Secretaria Municipal de Cultura, Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro
(com dedicatória do próprio autor para mim em Curso de Identificação do Céu,
em 30/07/1999))

- 6a. Edição do Atlas Celeste
de autoria de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão,
Editora Vozes, Petrópolis, ano de 1986
(com dedicatória do próprio autor para mim
em evento realizado no Museu de Astronomia do Rio de Janeiro,
em 16/06/1989)

-  Mario Jaci Monteiro , As Constelações, Cartas Celestes -
Apoio: CARJ/MEC/CAPES/PADCT-SPEC  -  com dedicatória do autor para mim, em março de 2004 (quando Mário Jaci generosamente me presenteou com um instrumento de observação (kepleriano) artesanalmente construído por ele).


COM UM ABRAÇO ESTRELADO,

Janine Milward